sábado, 8 de maio de 2010

Me

“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever?
Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente.
O resultado tem sido meio a meio: as vezes acontece que agi sob uma intuiçao dessas que não falham, as vezes erro completamente, o que prova que nao se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controla-los. [...] 
Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura.
Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda vira sob a forma de um impulso.
Nao sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”
(Clarice Lispector)

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